Hoje, dia de São Luís IX, de França, patrono da OFS, queremos celebrar o exemplo de vida na justiça, que ele nos deixou.
Não surpreende muito que um homem num claustro e separado das ocasiões de pecado, domine as inclinações desregradas da natureza e progrida na prática das mais belas virtudes do Cristianismo.
Mas que um príncipe, ao qual não se tem a liberdade de repreender nem contradizer, que vivendo em meio às honrarias e às mais perigosas volúpias, domine suas paixões, conservando a pureza de coração, é realmente admirável, podendo ser chamado um prodígio na ordem da graça.
Nesse dia 25, a Igreja nos propõe um rei, que podemos chamar de pérola dos soberanos, modelo de todos os monarcas. São Luís IX, quadragésimo Rei da França, padroeiro da OFS.
Não surpreende muito que um homem num claustro e separado das ocasiões de pecado, domine as inclinações desregradas da natureza e progrida na prática das mais belas virtudes do Cristianismo.
Mas que um príncipe, ao qual não se tem a liberdade de repreender nem contradizer, que vivendo em meio às honrarias e às mais perigosas volúpias, domine suas paixões, conservando a pureza de coração, é realmente admirável, podendo ser chamado um prodígio na ordem da graça.
Nesse dia 25, a Igreja nos propõe um rei, que podemos chamar de pérola dos soberanos, modelo de todos os monarcas. São Luís IX, quadragésimo Rei da França, padroeiro da OFS.
Daisy Lúcia Ferreira
Coordenadora Regional de Formação
Coordenadora Regional de Formação
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A vida e a modernidade de Luís IX, o último rei santo
Jacques Le Goff, um dos maiores medievalistas europeus, nos diz que tendo vontade de escrever uma biografia, escolheu um personagem que desse possibilidade de, realmente, ir além da imagem mítica ou das suposições históricas. Assim, o eleito foi São Luís IX, um personagem fascinante, pois falar sobre ele é evocar todos os povos cristãos da época.Luís IX foi ao mesmo tempo rei e santo. Houve outros reis santos antes dele, na Alta Idade Média, mas São Luís é um rei santo de um novo tipo, pois é sua conduta pessoal, em primeiro lugar, que o faz ser santo. Aliás, ele será o último desse gênero. O historiador William Jordan descreveu-o atormentado entre seu dever real e sua devoção...
Le Goff enfatiza a coerência entre sua aspiração à santidade e sua conduta na política, o que não oculta de maneira alguma dificuldades e contradições. Por exemplo, São Luís tendo um cerimonial real às refeições para respeitar, mas, muito ligado à tradição monástica, pratica a abstinência muito jovem, não bebe vinho puro, convida pobres, etc. Isso é verdade também para seu comportamento político.
Luís IX foi, inicialmente, um rei criança – aos 12 anos. Ora, a criança na Idade Média, século XIII, não era levada em conta: um rei menor, era um enorme inconveniente. Citava-se o Eclesiástico: “Infeliz a cidade cujo príncipe é uma criança”! O rei criança é incapaz de se defender nas questões terrestres e de ser um intermediário aceitável diante de Deus...
Entre o reinado de seu avô Felipe Augusto e o de seu neto Felipe, o Belo, São Luís representa a passagem da monarquia feudal à monarquia moderna, que não se baseia mais nas relações pessoais do rei com seus vassalos, mas nas do rei, enquanto chefe do Estado/ Reinado com seus "súditos". Ele consolida a monarquia: duplica os magistrados que, na época, eram “investigadores”, designados para apurar os abusos da administração real, fazendo reinar a justiça e a paz.
São Luís tornou o rei o responsável pela Justiça. Os súditos podiam apelar para a justiça do rei. Aí está o fundamento dos futuros tribunais de apelação. A partir de 1254, essa seção da corte, que administra a Justiça em seu nome, passou a ser denominada Parlamento.
Atenção para não cair no anacronismo! Façamos um esforço de compreensão da época. Luís IX continuou a ação de seu pai Luís VIII, contra os cátaros. Sua responsabilidade não é nula, mas é preciso redimensioná-la. Em primeiro lugar, um rei piedoso da época, não podia amar os hereges, que colocavam em risco tanto a ortodoxia da fé quanto a coesão do reinado. Em segundo lugar, na tradição cristã do século XIII, o rei era o braço secular da Igreja: se esta ordenava ao soberano executar as sentenças de seus tribunais, ele devia obedecer.
Luís IX, profundamente cristão, não gostava dos judeus, que se recusaram a reconhecer o Cristo. Ele condena o Talmude, porque este, do seu ponto de vista, diz horrores sobre Jesus e apresenta a Virgem como uma prostituta! É verdade que São Luís ficou desorientado com esse problema. Segundo disse: “Os cristãos têm um chefe, trata-se do prelado. Os judeus não têm ninguém; devo, então, ser o prelado dos judeus: puni-los quando se comportam mal, mas também protegê-los quando são injustamente atacados...”
Ele foi um incentivador das últimas Cruzadas! Tentou mudar o espírito da Cruzada, misturando objetivos militares e interesse de conversão religiosa.
Francisco de Assis não o precedeu, em vão, na Terra Santa! São Luís, partindo com todos os preconceitos antimulçumanos da época, ao perceber que aquelas pessoas eram religiosas, foi sacudido pela piedade delas, ficando atônito com a biblioteca que o emir carregava consigo em sua tenda, mesmo na guerra. Enfim, o indivíduo São Luís também foi procurar na Terra Santa, mais ou menos, o martírio.
O papa Bonifácio VIII o canonizou em 1297, 27 anos após sua morte. Os milagres ligados à sua pessoa contaram menos que as virtudes do indivíduo. Ele foi um modelo ideal de rei cristão. São Luís teve importância como homem. Seu caráter, sua humildade deram motivos para isso.
(*) Este é um resumo - por Daisy Lúcia Ferreira - sobre uma entrevista dada pelo historiador francês Jacques Le Goff, que, em 1996, publicou a biografia São Luís.
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