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04 maio 2018

REFLEXÕES SOBRE A DIMENSÃO POLÍTICA DO FRANCISCANISMO – 12


No post anterior, falávamos a respeito de São Bernardino de Sena. Hoje vamos apresentar aqui um resumo de um sermão que ele dirigiu aos políticos e ao povo da República de Sena. Trata-se do Sermão nº XVII, onde ele mostra “como deve administrar a justiça quem recebe um cargo público”.

AMAR A JUSTIÇA – O político deve amar a justiça e seguir a reta consciência. Nunca deve apoiar-se nas leis, que podem ser injustas e que precisam ser mudadas. “Muitos juram observar os estatutos do próprio cargo. Você jurou e o que jurou é danoso ao povo? Seu juramento não vale. “In malis promissis rescindi fidem”. Promessas mal feitas e má fé são causas de rescendências. Se você prometeu cumprir algo que a consciência julga injusto, rompa com o juramento e não faça coisas contrárias à sua consciência. E tenha confiança no Senhor”. O que se deve dizer de certas leis que só provocam injustiças e oprimem inocentes? “Há pessoas – continua Bernardino – que não precisam nem de leis nem de estatutos, porque levam escrita na mente a lei do Evangelho, a lei de Deus e só sabem praticar a justiça. Estes são os que realmente amam a justiça” e merecem ser eleitos. A administração pública, de fato exige amor à verdade e à misericórdia, porque no encontro das duas se gera a paz. O pregador franciscano sabe como é difícil atuar a justiça nos meios públicos, mas o bom administrador nunca deve desanimar diante da corrupção que se alastra. Seu esforço e sua perseverança serão recompensados e ele ouvirá as palavras evangélicas: “Venham benditos de meu Pai, recebam o Reino dos céus...porque vocês amaram a justiça, mesmo quando não puderam atuá-la como queriam e foram odiados pelo mundo e amados, porém, por mim...”

ATUAR COM JUSTIÇA SOCIAL – São Bernardino de Sena foi um grande reformador social, que colocou em relevo os princípios fundamentais da economia, já conhecidos pela Escolástica: as riquezas tem caráter instrumental e não final, social e não egoístico; consequentemente é necessário ter moderação e honestidade na aquisição e no uso dons bens. Neste ponto a responsabilidade dos governantes, dos juízes e dos políticos é muito grande.

Sob o impulso da pregação bernardiniana, muitas Repúblicas Italianas daquele tempo introduziram reformas políticas e sociais na sua legislação, inspirando-se nos princípios do Evangelho. A preocupação de São Bernardino era formar a consciência dos homens públicos e dos eleitores. Ele sempre falava bem claro a todos: “Eu sei muito bem que aquilo que você possui não é seu; foi Deus que deu tudo a todos para ir ao encontro das necessidades de toda humana criatura. Não é portanto da pessoa, mas para as necessidades de todos. Se você tem muito, não precisa, não distribui e morre, você vai direto à casa quente”

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