A dimensão maior da pobreza é ter em comum
Em oito séculos, o franciscanismo vai vivenciado as experiência de onde surgiu: a forte experiência religiosa espiritual e a inserção em meio ao povo. As suas fontes formativas revelam a reflexão de uma prática. A espiritualidade e a teologia franciscana vieram depois de anos de caminhada nesta experiência. Frades esmoleres saíram mendigando para ajudar os que necessitavam. Ao estar entre pobres para dividir o que recebiam percebem que há uma miséria que afeta, aflige e crucifica os pobres. A esmola se transforma em denúncia e a pregação encontra o seu lugar: como viver o Evangelho entre os empobrecidos. Os frades primitivos começam a sentir que a experiência espiritual não é apenas o encontro com Deus através de um pobre que pede esmolas, mas o encontro com Deus se dá em compreender e procurar resolver a situação dos humilhados e ofendidos de seu tempo. Há uma indignação ética que leva o espírito a gritar: “Não é possível que isto esteja acontecendo, leprosos e miseráveis sendo expulsos para fora das muralhas das cidades!”.
Então, saíram pelas ruas de Assis, Perúgia, Espoleto, e tantos lugares, e nas praças e nos becos encontrar ali o espaço sagrado e poder dizer: “O Reino de Deus está no meio de vocês!”. Francisco de Assis e seus primeiros companheiros eram convertidos; convertidos de mudança de projetos pessoais e familiares, mudança de lugar social e dos sonhos da nobreza cavaleiresca e da corte, das conquistas de status e das terras. Vestidos de trapos eram homens novos. Morando em cabanas e grutas estavam dentro da história. O Evangelho da Libertação que entrou em suas vidas atinge todo o espaço da vida e não apenas o espaço da catedral, da sacristia e dos mosteiros. Eles amavam a Igreja que moldou neles páginas belas do cristianismo católico, mas não podiam deixar de evangelizar também estruturas eclesiológicas que estavam distantes do Evangelho. Assumem um lugar definido: do Evangelho para o pobre, do pobre para a libertação integral do humano e a opção pela Fraternidade como lugar da vivência desta escolha.
O decisivo desta opção é que implicou num modo diferente de vida: humilde, simples, desapegada, fraterna. Não se podia viver mais de uma postura que vinha dos resquícios feudais da opulência e autoritarismo, alguém mandando de cima para o debaixo obedecer; muda-se o lugar: um irmão de baixo vem para o lugar da única vontade: a vontade de Deus que valoriza cada pessoa e seu potencial transformador. A fraternidade acolhe a pessoa e a pessoa acolhe o modo da pobreza. A dimensão maior da pobreza é ter em comum; para ter em comum é preciso sair do egoísmo, do comodismo, da acumulação e da intransigência. A pobreza os tornou livres para dar passos sempre para frente, sem voltar para trás. Libertação é entrar no processo de desfazer os nós que prendem e sufocam a realização humana. A Pobreza Franciscana não é uma metáfora, mas um processo histórico de libertação e superação; sair do eu sozinho para um fraterno modo de inserção em meio ao povo. Fraternidade é construir lugar para mais humanidade. Ajudar irmãos e irmãs a serem pessoas fortes que participem de um forte destino coletivo: concretizar o sonho de Jesus, o Reino de Deus.
CONTINUA
FREI VITORIO MAZZUCO
Em oito séculos, o franciscanismo vai vivenciado as experiência de onde surgiu: a forte experiência religiosa espiritual e a inserção em meio ao povo. As suas fontes formativas revelam a reflexão de uma prática. A espiritualidade e a teologia franciscana vieram depois de anos de caminhada nesta experiência. Frades esmoleres saíram mendigando para ajudar os que necessitavam. Ao estar entre pobres para dividir o que recebiam percebem que há uma miséria que afeta, aflige e crucifica os pobres. A esmola se transforma em denúncia e a pregação encontra o seu lugar: como viver o Evangelho entre os empobrecidos. Os frades primitivos começam a sentir que a experiência espiritual não é apenas o encontro com Deus através de um pobre que pede esmolas, mas o encontro com Deus se dá em compreender e procurar resolver a situação dos humilhados e ofendidos de seu tempo. Há uma indignação ética que leva o espírito a gritar: “Não é possível que isto esteja acontecendo, leprosos e miseráveis sendo expulsos para fora das muralhas das cidades!”.
Então, saíram pelas ruas de Assis, Perúgia, Espoleto, e tantos lugares, e nas praças e nos becos encontrar ali o espaço sagrado e poder dizer: “O Reino de Deus está no meio de vocês!”. Francisco de Assis e seus primeiros companheiros eram convertidos; convertidos de mudança de projetos pessoais e familiares, mudança de lugar social e dos sonhos da nobreza cavaleiresca e da corte, das conquistas de status e das terras. Vestidos de trapos eram homens novos. Morando em cabanas e grutas estavam dentro da história. O Evangelho da Libertação que entrou em suas vidas atinge todo o espaço da vida e não apenas o espaço da catedral, da sacristia e dos mosteiros. Eles amavam a Igreja que moldou neles páginas belas do cristianismo católico, mas não podiam deixar de evangelizar também estruturas eclesiológicas que estavam distantes do Evangelho. Assumem um lugar definido: do Evangelho para o pobre, do pobre para a libertação integral do humano e a opção pela Fraternidade como lugar da vivência desta escolha.
O decisivo desta opção é que implicou num modo diferente de vida: humilde, simples, desapegada, fraterna. Não se podia viver mais de uma postura que vinha dos resquícios feudais da opulência e autoritarismo, alguém mandando de cima para o debaixo obedecer; muda-se o lugar: um irmão de baixo vem para o lugar da única vontade: a vontade de Deus que valoriza cada pessoa e seu potencial transformador. A fraternidade acolhe a pessoa e a pessoa acolhe o modo da pobreza. A dimensão maior da pobreza é ter em comum; para ter em comum é preciso sair do egoísmo, do comodismo, da acumulação e da intransigência. A pobreza os tornou livres para dar passos sempre para frente, sem voltar para trás. Libertação é entrar no processo de desfazer os nós que prendem e sufocam a realização humana. A Pobreza Franciscana não é uma metáfora, mas um processo histórico de libertação e superação; sair do eu sozinho para um fraterno modo de inserção em meio ao povo. Fraternidade é construir lugar para mais humanidade. Ajudar irmãos e irmãs a serem pessoas fortes que participem de um forte destino coletivo: concretizar o sonho de Jesus, o Reino de Deus.
CONTINUA
FREI VITORIO MAZZUCO
Fonte: http://carismafranciscano.blogspot.com.br
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