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26 setembro 2017

É preciso voltar a Assis - III



Precisamos resgatar uma moral teológica para o mundo

É tempo de limpar a vida de egoísmo, estagnação, vaidade, presunção, negligência, falta de delicadeza, instabilidade, fé fragilizada.

O lema do Brasão Episcopal do Papa Francisco, quando era Arcebispo em Buenos Aires, era este: "Miserando atque elegendo”: olhando com amor o escolheu. Hoje temos que colocar este olhar de misericórdia e viver a misericórdia dentro de uma relação horizontal entre ética e ontologia: valores que definem o Ser. É o grande momento da Ontologia, Axiologia e Cosmologia.

A Misericórdia não é apenas uma lei moral ou ética, mas é uma virtude essencial para qualquer relacionamento. A Misericórdia, a Fraternidade e a Compaixão correm o risco de não serem entendidas se a comunidade mundial não for colocada em contato com a possibilidade de superar abismos enormes que nos separam, abismo culturais, abismos da intolerância, abismos da ausência de valores que impactam as diversas dimensões da vida. Diz o Papa Francisco: “Um dos graves problemas de nosso tempo é certamente a alterada relação com a vida”.

A Misericórdia é a grande virtude de Deus, e nós precisamos resgatar uma moral teológica para o mundo. O que temos é uma moral de Estado onde só existem direitos e não deveres, e isto cria dicotomias infernais. A Misericórdia, como compaixão e respeito pela vida das pessoas, é um esvaziar-se para dar sentido à lógica da vida de todo ser humano. É uma ética de alteridade e uma moral que respeita e acolhe a maneira como a vida de alguém deve se desenvolver.

A Misericórdia é o coração pulsante do Evangelho! Diz nosso Papa Francisco: “A misericórdia de Deus é o coração pulsante do Evangelho, e que por meio dele deve chegar ao coração e à mente de cada pessoa e de todas as criaturas”.

O destinatário da Misericórdia é, a partir desta convocação, qualquer criatura que habita a face da terra; aqueles que vivem a vida como ela se apresenta, com suas limitações, mas alegrando-se com a felicidade dos que possam ter uma possibilidade de vida melhor; criaturas humanas que estão na rua, na casa, no trabalho, na escola, no concerto, no hospital, na prisão, no quartel, na fábrica. O destinatário da Misericórdia é a pessoa que acorda e vai trabalhar, que sofre no trânsito, luta pelo lugar nos meios de transporte, que está na desesperança do desemprego ou na dúvida e na dívida, na droga e no álcool; os que precisam desenvolver esforços físicos, psicológicos ou mentais para enfrentar esse jogo de mil combinações do dia a dia.

CONTINUAÇÃO DOS APONTAMENTOS DA PALESTRA NO CAPÍTULO DAS ESTEIRAS DA FAMÍLIA FRANCISCANA DO BRASIL - APARECIDA - AGOSTO 2017

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